Primeira unidade da Cruz Vermelha do País a realizar trabalho com
indígenas
CRUZ VERMELHA DE PVA /
Domingo, 07 de Junho de 2015, 19h:14
Três aldeias,
situadas no município de Novo São Joaquim, há 80 quilômetros de Primavera
Driely
Pinotti
É
impossível falar da história do Brasil sem mencionar os
povos indígenas. Mas muitas vezes, os índios não são autores de suas
histórias, porque muitos, os enxergam como um povo não civilizado, e a reserva
indígena, um obstáculo para o agronegócio. Pela cultura e língua diferente
acabam muitas vezes sendo excluído da sociedade e o acesso à educação e saúde
fica cada vez mais difícil. Pensando nesta questão, que há cerca de um ano, o
Núcleo da Cruz Vermelha de Primavera do Leste realiza um trabalho voluntário
com os indígenas de três aldeias, situadas no município de Novo São Joaquim, há
aproximadamente 80 quilômetros de Primavera.
Neste
período, foi possível reativar o posto de
Saúde da comunidade, onde há cada duas vezes ao mês, os índios têm atendimento
médico. Mas a vontade de ajudar essa etnia não parou por aí, neste domingo
(07), os voluntários da entidade doaram aproximadamente 300 kg de roupas, mais
de dois mil livros e matérias escolares para os indígenas das aldeias:
Imaculada, Três Estrelas e Volta Grande.
Para
o pai do cacique, Thiago, essas doações foram de extrema importância: “Ficamos
muito felizes com essas doações, porque nós estamos sempre precisamos de ajuda
e de apoio”, disse.
Nas
três aldeias vivem hoje, pouco mais de cem índios da etnia Xavantes. Conforme
Thiago, que também já foi cacique da aldeia, eles fazem de tudo para não perder a
tradição. “Para esses mais pequenininhos nos ensinamos os nossos cantos, as
danças e também a caçar e pescar para que eles saibam viver como nós”,
explicou.
É
querendo manter viva a tradição indígena, que segundo o coordenador do Núcleo
da Cruz Vermelha de Primavera do Leste, Anízio Júnior, os voluntários da
entidade irão fazer este trabalho continuo.
“Nós
percebemos que ainda falta muito para eles. Conseguimos reativar o Posto de
Saúde da aldeia Volta Grande, que presta atendimento também às outras duas
aldeias. Mas isso é pouco. Por exemplo, a aldeia Imaculada comandada pelo
cacique Valter, precisa urgente da construção de uma escola. Os alunos
indígenas estudam em uma cobertura de lona, que com o sol forte do nosso
Estado, faz muito calor. Nossa intenção é construir uma escola, para que eles
possam estudar com dignidade. Também queremos apoiar a aldeia Três Estrelas
comandada pelo cacique Carmine, porque nossa intenção é não deixar essa
tradição acabar”, afirmou.
DOAÇÕES
De
acordo com o coordenador do Núcleo da Cruz Vermelha de Primavera do Leste, as
roupas, livros e material escolar foram doados: “Eu gostaria muito de agradecer
o apoio da sociedade primaverense pelas roupas e livros doados. E também a
secretária de educação, por que, foi ela, que nos doou os materiais escolares
que entregamos”, salientou.
A
Cruz Vermelha também está recebendo doações para a construção da escola da aldeia
Imaculada, quem tiver interesse em ajudar, basta procurar um voluntário da
entidade.
SOBRE
OS XAVANTES
A primeira tentativa de pacificar os
Xavantes ocorreu no século 19, quando o governador da província de Goiás
arrebanhou muitos naquela área e os instalou num grupo de aldeias oficiais com
outros grupos tribais e não-indígenas. Eles não se conformaram com a
perspectiva de ficarem ali por muito tempo, e eventualmente fugiram de volta
para a selva. Eles permaneceram relativamente inacessíveis até à década de 40 e
50. Até fins dos anos 50, todas as facções Xavantes, que tinham migrado para o
estado de Mato Grosso, tinham sido pacificadas – o último dos grandes grupos
tribais no Brasil a iniciar contato regular com o mundo de fora.